Carla, Rodrigo & Eduardo

Uma história contada ao contrário...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Uma carta pra ELE

Fazia muito pouco tempo que eu havia escrito uma lista cheia de desejos bons para o ano.

Lista modesta, de poucos itens – afinal eu já tinha tudo o que queria.

Foi difícil aceitar que, nos tantos dias que viriam pela frente, ao invés de cuidar da lista, eu faria uma contagem regressiva, na torcida para que a dor aguda passasse logo.

Cheguei a pensar que ela não passaria nunca.


Tive o privilégio de perceber que depois de tudo, nada era pequeno.

A dor cantava um amor que não cabia em mim, mas a vida latejava forte.

E era grande demais a vida que eu guardava ali, comigo.

Renascemos no Eduardo, eu e você.

Hoje ele já é um meninão.

E veio marcar uma presença nunca antes sonhada.

veio para me desabroxar.

Do Eduardo, eu me pari mil vezes.

Nova, diferente, corajosa, atirada, confiante, inteira.

Aquela urgência que eu não compreendia era a minha urgência de ser!

A passagen entre um segundo e outro nunca foi tão definitiva.

O tempo agora vale mais.

É absolutamente necessário que cada momento seja bom e simples.

Sigo nesse execício - que é de sabedoria, muito mais que de força.

Da criança que chorava á toa, tornei-me a mulher que ri de sí mesma.

Sou uma mulher que sorri.

Os segundos seguem em fila, dando-nos a ilusão de que se repetem.

Num segundo posso já não estar,

Num segundo posso já não mais ser,

Não é preciso apostar para estar correndo o risco.

Da intensidade.

De me emocionar,

De perder tudo,

de ganhar muito.

Os segundos vêem para falar da grandeza que já temos.

E esta medida sutíl do tempo, é o futuro que não existe.

A vida que por ser grande, é simples.

Eterna e etérea.

Sua partida me ensinou isso: cada batida do relógio tem q ser um reveillon!

E eu que achava que a minha dor nunca ia passar... E não passará mesmo, mas...


Vieram outras. E outros desejos, sonhos imprevistos,

Vieram muitos desafios.

Sem que você precisasse ir!

Você permanece - e nunca, nunca é excluído.

Permanece o Eduardo,

O nosso milagre, e o meu delicioso desafio.

Vida que pulsa, e que é a falta e a presença ao mesmo tempo.

Eu e você, pra sempre, em um só.

Ainda não conto historias para ele. Era você que fazia isso.

É ele quem me conta a minha.

Ele é quem me conta de você. É nele que eu te vejo. Todo dia.


Não sei pra onde escrevo, mas sei que você me lê.

Pois então lhe faço um pedido de ano novo:

"Quando varrerem estrelas, pede para joga-las no nosso telhado?"


De cá, eu e o Du acendemos estrelinhas,

na esperança de que cheguem até você.

Amor que brilha.

E é eterno.

Carla Martins

(adaptado de Cris Guerra)

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