Carla, Rodrigo & Eduardo

Uma história contada ao contrário...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mais um fim de semana...






Pois é se passou mais um fim de semana... o meu primeiro fim de semana na minha casa. Este era o sonho que eu e o Rodrigo batalhamos para construir. Nós moramos a vida toda de aluguel (6 anos) e o nosso sonho era ter a nossa casa própria. Consegui realizar este sonho só agora, mas ele teve uma mãozinha, alias uma não todas mãozinha, afinal sem ele eu não conseguiria nada do que eu realizei ate agora. Tudo, absolutamente tudo o q nós planajamos e sonhamos eu realizei, pena q foi depois da morte dele. Mas foi a morte dele q me proporcionou tudo... estranho pensar assim, mas é a pura verdade, perdi um sonho pra realizar outro. Preferia q tudo fosse igual a antes...
Bom, minha casa ta aí, tenho várias coisas para terminar de aprontar, mas é minha, ralei um monte pra ter, e tenho tempo de deixar ela com a minha cara. Sabe é estranho ficar pensando o que o Rodrigo acharia da casa. Se ele gostaria de como eu fiz, das opiniões q ele daria (e que eu não seguiria de birra rsrs). Fico pensando se ele aprovaria as escolhas q eu fiz. Tentei dar um toque com coisas q ele gostava, lembrando ele. Acho q não ficaria muito diferente do q está, afinal ele sempre dava amém para as coisas q eu queria. Minha personalidade sempre foi forte...
Mas ta aí, um sonho realizado, com suor e lágrimas, literalmente. Se a minha vida estivesse do jeito q esta hoje, só com o Rodrigo vivo, nós iríamos partir para segunda etapa do nosso sonho: Outro filho.
Tá tudo no lugar na minha vida, tudo como a gente queria q estivesse. É doido pensar q ele não conseguiu ver isto, ver q eu consegui por ordem na casa. Mas ele tá do meu lado, de um jeito ou de outro. O Dudu é o bálsamo, ele é o amor q me aquece, apesar de me deixar de cabelo em pé é o carinho q me dá força. Sem ele realmente eu não saberia onde eu estaria agora.

Obrigado amor, por passar pela a minha vida e me deixar tudo que me é mais importante hoje.
Te amo pelo q foi e pelo que é dentro de mim.
Tem coisas na vida q não se pode apagar, outras q não se quer modificar. Você está nas duas, pra sempre em mim. Saudades.
Tem dias q eu só queria um abraço apertado, mas não é qualquer abraço. É o teu abraço, que encaixava direitinho. Dormir de conchinha, aquecer meu pé, um carinho teu. Tem dias q eu pediria apenas pra te ver mais uma vez. Só mais uma vez...



Dudu e João Pedro. Comendo um picolé



Santa Indecência!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Para ficar na nossa memória....



Tem coisas que não dá para esquecer. Ele amava o filho. Era um sonho, de anos. Ainda bem que eu tive tempo, realizei o sonho dele. Ele foi feliz, disto tenho certeza. Ele me disse. Estranho, ele me falou tanta coisa antes de ir para o hospital. Parece que sabia. Dói pensar q ele não vai ver o Dudu crescer. O Dudu tá lindo, esperto, um amor. Da onde ele estiver vai estar com a gente. Sinto saudade. Uma saudade q doi. Queria pelo menos poder ligar, falar com ele... Tem uma frase que sempre me vem na cabeça, uma música q diz assim "...Se lembra quando a gente chegou um dia acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre, sempre acaba..." Perfeita. O meu pra sempre durou pouco. Eu tenho certeza q iríamos ficar velhinhos juntos, nos éramos acima de tudo amigos, irmãos. Era bom não fazer nada do lado dele, e eu tenho certeza q ele achava o mesmo...
Sinto falta do amigo, não pensem que eu estou triste, que vivo chorando pelos cantos. Não é assim. Quem me vê se surpreende com a maneira que eu estou levando tudo. Estou bem, com alto astral, sempre feliz, cansada, mas feliz. Só o que eu tenho dentro de mim é um vazio, uma falta, uma saudade que aperta e eu sei que não tem cura. Daria tudo pra poder conversar com ele, saber como ele está, dizer que eu realizei o nosso sonho de anos, ele ficaria feliz. Deus tira com uma mão e dá com outra. Realizei o que buscamos em todos os anos juntos, e realizei bem do jeito que nós queríamos. Por ele, por mim e pelo Du. Vi q eu tinha que seguir em frente.
É incrível como não tenha 1 minuto do dia q eu não pense nele, no que ele faria, no q ele estaria fazendo. Tudo me leva pra perto dele. É difícil desligar, a imagem ainda esta muito viva. As vezes parece q ele não morreu, que ta viajando e já vai voltar...faz sete meses. As roupas dele ainda estão lá, as coisas dele ainda ocupam espaço na minha casa. Não consigo me desvincular. Aquilo faz parte de mim, assim como ele fez. Assim como ele se faz presente todo dia. Seja no sorriso do Du, ou na presença em mim.
Queria ter sido diferente, se eu soubesse, teria sido diferente. Fui dura demais com ele várias vezes, se eu soubesse...
Mas isto é história pra um próximo post, fica aqui as lembranças de momentos felizes.


Último aniversário dele, turma reunida, dois meses antes.



Amor, amor, amor...




Este sorriso gostoso é do que eu tenho mais saudade.



E a praia de pinhal, não tem mais a gente lá...




Ele vai sempre guiar teus passos filho, pode apostar!



quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Depois de mais de um ano...

Pois é, hoje eu resolvi atualizar o blog... Depois de tanto tempo, não há explicação, nem motivo. Dizer q eu estava ocupada, q simplesmente meu dia andava cheio, vai parecer muita lorota. E seria mesmo, afinal eu não teria pelo menos 5 minutos mensais para passar aqui q postar alguma coisa. Teria sim, lógico que tive. Então simplesmente deixei de lado e pronto. Assim seca e verdadeira. Parei e deu. Me esqueci deste mundo virtual...
Acontece que hoje me deu uma vontade de escrever de novo, escrever o que aconteceu neste ano q eu fiquei desaparecida. Muita coisa mudou, muita coisa aconteceu. Mas eu, principalmente eu mudei, e muito. Nós mudamos, nós nos adaptamos... Tenho tanto pra contar, tanto pra dizer, nem sei por onde começar. Talvez motivada pelo blog q descobri: para Francisco http://parafrancisco.blogspot.com/ resolvi escrever para o Eduardo. Não, eu não estou imitando a incrível e guerreira Cris Guerra, que teve a maravilhosa ideia de fazer um blog para o filho ter a oportunidade de conhecer a historia do pai, antes que se perdesse na memória. Não tenho esta pretensão. Só quero escrever, contar mesmo o que esta se passando comigo. Talvez alivie. Talvez passe, sei lá, talvez...
Acontece, que a coisa mais importante q me aconteceu e me motivou mesmo a escrever foi um divisor de águas na minha vida. Até 15/08/2007 eu postava coisa s felizes, éramos uma família feliz (não q não sejamos mais)é doido ler os posts antigos, dá saudade... Vivemos assim, uma família feliz, unida, cheia de problemas e sonhos até o dia 11/06/2008.
Bom, neste dia perdemos a estrutura. Descobrimos, eu e o Rodrigo, q ele estava com Leucemia, e esta já estava em um grau bem avançado, não tivemos tempo de nada, de absolutamente nada, pois no outro dia ele entrou em coma e no outro ele morreu. Assim mesmo. Simples demais, rápido demais.
Não tenho muito o que explicar, simplesmente perdi o meu passado e o meu futuro. Perdi o chão, perdi o amigo, perdi o pilar. Perdi o carinho. Tive que ser forte, engolir o choro, vestir a camisa do "Eu tô bem" e seguir em frente. O Dudu não entendeu nada do que aconteceu e ele merecia uma mãe inteira para suprir a falta do pai. Difícil foi, depois de três dias o Eduardo acordar no meio da noite e perguntar: Mãe cedê o pai?- Tá trabalhando filho, dorme bebe! Era o q eu dizia quando ele perguntava pelo pai, só q antes era verdade....
E agora, o q fazer da vida? como levar a vida? Foi as primeiras coisas q me surgiram na cabeça. Resolvi não mudar nada da minha rotina, pelo Eduardo e por mim. Eu precisa sentir q meu mundo ainda era o mesmo (ilusão, doce ilusão). Voltei pra nossa casa depois de três dias. Não aguentava mais a casa da minha mãe, precisava da minha cama, das minhas coisas, mas não foi fácil aprender a dormir sozinha ali. Era inverno, fazia frio, eu chorava muito... Os q me conhecem sabem o q o Rodrigo significa pra mim, sabem q estes 8 anos foram intensos e verdadeiros. Só quem viveu com a gente sabe q nossa relação. Se eu ficar descrevendo aqui o jeito q o Rodrigo era vai parecer q eu to idolatrando ele por que ele morreu. Não é não. Ele era assim mesmo, um brincalhão, uma pessoa de coração enorme, um paizão q amava o filho acima de tudo, um marido-amigo maravilhoso...sei lá........ díficil falar dele, por mais q eu diga nunca vou conseguir expressar...tem um post aqui no blog q fiz só pra ele, foi um dos primeiros posts, confere.
Não vou prometer ser mais assídua, mas vou prometer dar a minha alma quando eu estiver postando. Preciso disto. Preciso q alguém escute o q eu tenho aqui dentro, falando eu não consigo.... Doí demais e eu não gosto de chorar na frente dos outros, me sinto impotente.
Farei o possível, pelo Eduardo, por mim...