Carla, Rodrigo & Eduardo

Uma história contada ao contrário...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As coisas estão fora do lugar...

Ultimamente é assim que eu ando sentindo as coisas, que está tudo meio fora do lugar. Fora da ordem certa...
Como um filme sem roteiro...
Faz, nesta semana, 2 anos q o Rodrigo se foi. Nossa, 2 anos passa rápido demais.
Quando as pessoas conversão comigo, e se dão conta q faz todo este tempo, elas pensão q eu já tô com tudo organizado dentro de mim, que eu já superei e q já é página virada na minha vida, mas não é bem assim não.
Na real, se eles forem parar para pensar eu sempre, desde o principio, agi da maneira q estou agindo agora: pensando positivo e tentando dar seguimento na minha vida.
Mas não é bem assim q as coisas funcionam dentro de mim...
A dor q eu sinto mudou, claro q mudou. Mas só por que eu aprendi a conviver com ela. É uma saudade constante que só quem sente pra entender... Mas vai uma hora q o teu coração se acostuma, e como tudo na vida, aprende a conviver diariamente com esta falta. Não q ela deixe de existir...ela apenas está ali e nós já sabemos disto...já acostumamos com ela...
Este findi eu estava mais tranquila, feriadão... tive tempo de curtir meu carro, organizar as coisas q eu queria organizar e deixar meu pensamento passear por dentro deste novo passo. Não foi bom... me dei conta q eu to fazendo coisas q eu nunca quis fazer, mas q to me vendo obrigada.
Resolvi limpar o carro, lavar, aspirar, dar aquele trato q o dono sempre dá. E resolvi pegar os "apetrechos" de limpeza automotiva q o Rodrigo usava para dar aquele trato no Voyage... Putz, não foi bom não... não devia ter mexido naquelas tralhas. Comecei a me dar conta q tá tudo errado...
O Rodrigo adorava mexer no carro, fazia com prazer, deixava lindão. Se ele estivesse aqui, ia estar feliz ao máximo com o nosso Corsinha. Lindão, novinho novinho, motor zero bala (como ele dizia), aposto q o sorriso ia estar nas orelhas... Enquanto passava cera ia me lembrando dele, dos detalhes e de quantas vezes ele fazia isto pra nós saírmos, geralmente eu ficava na porta de casa reclamando dele ficar lambendo o carro enquanto eu cuidava da tralha toda: afinal sair com criança é um caos! Ele ria da minha cara e continuava a embelezar a caranga... e eu continuava a reclamar e pedir ajuda... meu pensamento voou alto.
Confesso q chorei um pouquinho (bem pouquinho tá) escondidinha, dentro do carro, pra ninguém ver. Acho q até a minha mãe lembrou disso, pois me dei conta uma hora q ela estava na porta me olhando e falou exatamente o que eu estava pensando: que o Rodrigo estaria nas nuvens se ELE estivesse fazendo o q eu estava fazendo. Concordei mas não dei muita conversa, senão eu não ia aguentar, e eu tenho a triste mania de nunca parecer fraca perto de ninguém. Mas q foi difícil, foi.
Terminada a parte de limpeza  passei para parte do som... Outra coisa difícil. Mas eu também né, fico procurando... Sei lá, acho q de alguma maneira eu queira trazer o Rodrigo para perto de mim, fazer ele estar presente neste carro, da mesma maneira q ele ainda é presente no Voyage (aliás, este carro eu não consigo nem chegar perto, tremo toda e me aperta o coração).
Achei guardada lá no quarto da mãe a caixa de som. Mas não é uma caixa de som qualquer... esta é A CAIXA DE SOM.
Lembro, bem antes do Eduardo nascer,q o Rodrigo trouxe um auto falante enorme, Spyder, lindo. Ele tava todo bobo, tinha ganhado akele auto falante de um cliente, e logo começou, com as próprias mãos a fazer uma caixa acústica (?) pra colocar aquele trambolho. Bom, ele destruiu um tampo de um ármario q eu tinha pra fazer a tal caixa de som, foi mais de uma semana ideiando, furando pregando e construindo a "caixa de som" abagualada (ele vivia dizendo isso, q a caixa ia fazer "a Voyagera" tremer). Cortou, forrou, pregou, vedou sei la mais o q ele fez na tal caixa. Só sei q ficou pronta e ficou bem linda mesmo. Confesso q eu gostei e até dei os parabéns pra ele, pq realmente ficou 10.
Pois não é q eu achei a caixa de som. E sem pensar muito no q tava fazendo, instalei ela no corsa. Juro q eu pensei: pronto, agora o Rodrigo ta aki, junto comigo no carro q ele me ajudou a comprar. Sentei, liguei o som (em um dance bem pegado, ao maior estilo Rodrigo) ai o bicho pegou...
São tantas coisas q eu me obriguei a fazer por que ele não está aqui comigo.
Quem disse q eu queria dirigir?
Eu nunca quis sequer sentar no banco do motorista! Me obriguei por conta do Eduardo. Acho muita responsabilidade a direção.
Quem disse q eu queria ter q decidir tudo sozinha?
É muita coisa pra mim. Muito peso, muita responsa. Nem sempre se jogar no abismo quer dizer q estamos preparadas pra voar. Eu tenho pessoas do meu lado. Amigos, família. mas na hora de decidir, sou eu e eu mesma. Isso pesa demais. Eu assumo responsabilidades e tomo decisões sozinha, antes ele tava ali, pelo menos pra me confortar... agora é matar no peito e assumir os riscos sozinha.
Queria q fosse diferente, mas não é.
Casa, carro, tudo isso a gente sonhou junto.
Por que agora eu tenho q construir sozinha?
Uma coisa q eu sempre disse pra ele era q eu não queria criar meu filho sem pai. E ele sempre me disse q eu não me preocupasse, q mesmo q a gente se separasse ele seria um pai presente, pois amor de filho não termina. Eu nunca duvidei disso, aposto q ele seria mesmo um otimo pai.
E hoje tô eu aqui, dois anos depois do pior ano da minha vida, com uma vida q ainda parece não ser a minha. Aprendendo todo dia a ser sozinha, sentindo uma falta concreta de uma presença dentro de mim. Ainda sinto o Rodrigo.
Estranho, mas eu conhecia ele tão bem, q se fechar os olhos consigo lembrar de cada partezinha do corpo dele (não é pra rir não, mas estes dias eu fiz este teste comigo mesma, fechei os olhos e fiquei lembrando de cada partezinha do corpo dele, e não é q eu me lembro! caraca foi assustador lembrar q eu sabia exatamente onde ele tinha cada pintinha, manchinha e pelinho no corpo, juro q eu não tinha noção quando ele ainda era vivo, que eu sabia tanto dele, se eu fechar os olhos sei EXATAMENTE, tal qual uma foto, como cada partezinha dele é). As vezes, deitada na cama, se eu pensar, ainda sinto o corpo dele "grudando" em mim, como ele fazia quando estava frio. O estranho é q sinto mesmo! sei la, talvez pelos anos de convivência, talvez pela intimidade adquirida, talvez pelo carinho q tínhamos um pro outro.
Só sei q depois de dois anos sem, ainda consigo manter ele vivo, dentro de mim.
Era isso q eu queria. manter ele vivo, pra sempre, dentro de mim...
tem muito mais pra escrever, mas esta semana vai ser loooonga...

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