Como um filme sem roteiro...
Faz, nesta semana, 2 anos q o Rodrigo se foi. Nossa, 2 anos passa rápido demais.

Na real, se eles forem parar para pensar eu sempre, desde o principio, agi da maneira q estou agindo agora: pensando positivo e tentando dar seguimento na minha vida.
Mas não é bem assim q as coisas funcionam dentro de mim...
A dor q eu sinto mudou, claro q mudou. Mas só por que eu aprendi a conviver com ela. É uma saudade constante que só quem sente pra entender... Mas vai uma hora q o teu coração se acostuma, e como tudo na vida, aprende a conviver diariamente com esta falta. Não q ela deixe de existir...ela apenas está ali e nós já sabemos disto...já acostumamos com ela...
Este findi eu estava mais tranquila, feriadão... tive tempo de curtir meu carro, organizar as coisas q eu queria organizar e deixar meu pensamento passear por dentro deste novo passo. Não foi bom... me dei conta q eu to fazendo coisas q eu nunca quis fazer, mas q to me vendo obrigada.
Resolvi limpar o carro, lavar, aspirar, dar aquele trato q o dono sempre dá. E resolvi pegar os "apetrechos" de limpeza automotiva q o Rodrigo usava para dar aquele trato no Voyage... Putz, não foi bom não... não devia ter mexido naquelas tralhas. Comecei a me dar conta q tá tudo errado...
O Rodrigo adorava mexer no carro, fazia com prazer, deixava lindão. Se ele estivesse aqui, ia estar feliz ao máximo com o nosso Corsinha. Lindão, novinho novinho, motor zero bala (como ele dizia), aposto q o sorriso ia estar nas orelhas... Enquanto passava cera ia me lembrando dele, dos detalhes e de quantas vezes ele fazia isto pra nós saírmos, geralmente eu ficava na porta de casa reclamando dele ficar lambendo o carro enquanto eu cuidava da tralha toda: afinal sair com criança é um caos! Ele ria da minha cara e continuava a embelezar a caranga... e eu continuava a reclamar e pedir ajuda... meu pensamento voou alto.
Confesso q chorei um pouquinho (bem pouquinho tá) escondidinha, dentro do carro, pra ninguém ver. Acho q até a minha mãe lembrou disso, pois me dei conta uma hora q ela estava na porta me olhando e falou exatamente o que eu estava pensando: que o Rodrigo estaria nas nuvens se ELE estivesse fazendo o q eu estava fazendo. Concordei mas não dei muita conversa, senão eu não ia aguentar, e eu tenho a triste mania de nunca parecer fraca perto de ninguém. Mas q foi difícil, foi.
Terminada a parte de limpeza passei para parte do som... Outra coisa difícil. Mas eu também né, fico procurando... Sei lá, acho q de alguma maneira eu queira trazer o Rodrigo para perto de mim, fazer ele estar presente neste carro, da mesma maneira q ele ainda é presente no Voyage (aliás, este carro eu não consigo nem chegar perto, tremo toda e me aperta o coração).
Achei guardada lá no quarto da mãe a caixa de som. Mas não é uma caixa de som qualquer... esta é A CAIXA DE SOM.
Lembro, bem antes do Eduardo nascer,q o Rodrigo trouxe um auto falante enorme, Spyder, lindo. Ele tava todo bobo, tinha ganhado akele auto falante de um cliente, e logo começou, com as próprias mãos a fazer uma caixa acústica (?) pra colocar aquele trambolho. Bom, ele destruiu um tampo de um ármario q eu tinha pra fazer a tal caixa de som, foi mais de uma semana ideiando, furando pregando e construindo a "caixa de som" abagualada (ele vivia dizendo isso, q a caixa ia fazer "a Voyagera" tremer). Cortou, forrou, pregou, vedou sei la mais o q ele fez na tal caixa. Só sei q ficou pronta e ficou bem linda mesmo. Confesso q eu gostei e até dei os parabéns pra ele, pq realmente ficou 10.
Pois não é q eu achei a caixa de som. E sem pensar muito no q tava fazendo, instalei ela no corsa. Juro q eu pensei: pronto, agora o Rodrigo ta aki, junto comigo no carro q ele me ajudou a comprar. Sentei, liguei o som (em um dance bem pegado, ao maior estilo Rodrigo) ai o bicho pegou...
São tantas coisas q eu me obriguei a fazer por que ele não está aqui comigo.
Quem disse q eu queria dirigir?
Eu nunca quis sequer sentar no banco do motorista! Me obriguei por conta do Eduardo. Acho muita responsabilidade a direção.
Quem disse q eu queria ter q decidir tudo sozinha?
É muita coisa pra mim. Muito peso, muita responsa. Nem sempre se jogar no abismo quer dizer q estamos preparadas pra voar. Eu tenho pessoas do meu lado. Amigos, família. mas na hora de decidir, sou eu e eu mesma. Isso pesa demais. Eu assumo responsabilidades e tomo decisões sozinha, antes ele tava ali, pelo menos pra me confortar... agora é matar no peito e assumir os riscos sozinha.
Queria q fosse diferente, mas não é.
Casa, carro, tudo isso a gente sonhou junto.
Por que agora eu tenho q construir sozinha?
Uma coisa q eu sempre disse pra ele era q eu não queria criar meu filho sem pai. E ele sempre me disse q eu não me preocupasse, q mesmo q a gente se separasse ele seria um pai presente, pois amor de filho não termina. Eu nunca duvidei disso, aposto q ele seria mesmo um otimo pai.
E hoje tô eu aqui, dois anos depois do pior ano da minha vida, com uma vida q ainda parece não ser a minha. Aprendendo todo dia a ser sozinha, sentindo uma falta concreta de uma presença dentro de mim. Ainda sinto o Rodrigo.

Só sei q depois de dois anos sem, ainda consigo manter ele vivo, dentro de mim.
Era isso q eu queria. manter ele vivo, pra sempre, dentro de mim...
tem muito mais pra escrever, mas esta semana vai ser loooonga...
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